A Licorista e O Bacalhoeiro

O Bacalhoeiro/A Licorista: Um Brinde à História de Lisboa com Fernando Pessoa

Há lugares em Lisboa que são mais do que simples edifícios; são cápsulas do tempo, guardiões da memória de uma cidade e, por vezes, de uma nação inteira. É o caso do emblemático O Bacalhoeiro/A Licorista. Apresentar esta casa centenária é embarcar numa viagem que nos leva diretamente ao coração da cultura lisboeta e portuguesa.

Fundado em 1917: O Encontro de Dois Legados

A história deste espaço começa em 1917. Originalmente, eram duas casas distintas com vocações muito específicas. O Bacalhoeiro dedicava-se à venda do fiel amigo, o bacalhau, um pilar da gastronomia nacional.

Ao seu lado, florescia A Licorista, cujo nome original era COMPANHIA PORTUGUEZA DE LICORES. Famosa pelos seus vinhos e licores de excelência, era propriedade do Sr. Abel Pereira da Fonseca. Este encontro de salgado e doce, de vinho e bacalhau, criou um polo de atração inigualável.

O Cliente Mais Ilustre: Fernando Pessoa

O que eleva o Bacalhoeiro/Licorista de um local com história regional para um de dimensão nacional é, sem dúvida, a presença de um dos maiores poetas de Portugal: Fernando Pessoa.

Pessoa não era um cliente ocasional; era uma figura diária, que fazia questão de beber o seu copo de vinho Palhete neste estabelecimento. Esta rotina pitoresca do ilustre poeta tornou-se lendária, cimentando o estatuto da casa.

Este episódio não só entrou para a história oral de Lisboa, como foi eternizado nas páginas dos jornais com a famosa e divertida expressão: "Apanhado em flagrante delitro." A frase, um trocadilho genial com "flagrante delito" e "litro," celebra o prazer simples e o carisma daquele que era um dos mais misteriosos frequentadores de Lisboa.

Visitar O Bacalhoeiro/A Licorista hoje não é apenas desfrutar de uma refeição ou de um copo; é sentar-se onde Pessoa se sentou, é tocar numa parte viva da história de Lisboa e reviver os sabores e as histórias que moldaram a alma da cidade. Uma verdadeira ode à tradição e à boa vida.